quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Carpe diem

Os desportistas devem comer muitos hidratos de carbono. Ontem li numa revista que uma dieta rica em gordura pode ajudar no desempenho de certo tipo de atletas.
Não se deve comer carne!!! Não há substituto para a proteína animal, dizem os entendidos.
O açúcar faz mal. Devemos comer açúcar para não desmaiarmos. O leite faz mal, o glúen, faz mal. Evitar comer produtos com lactose ou glúten, se não formos alérgicos, pode provocar-nos problemas maiores, li também. 
Devemos fazer caminhadas ao ar livre. As caminhadas afectam o habitat natural das espécies, destroem os ecossistemas!
Devemos usar protector solar para não apanhar cancro. O protector solar mata o plancton ou sei lá que bicho do mar.
Não devemos comer carne por causa dos animais. As máquinas de apanha de cereais matam os pássaros. 
Não devemos comer animais porque eles sofrem. As plantas sentem que estão a ser comidas. A cenoura está viva se a comermos crua.
O vinho faz mal. Um copo de vinho não faz mal. 
O café, a cerveja, o chocolate, as sardinhas em lata. Dependendo do vento, podem fazer mal ou fazer muito bem.
O bacalhau seco tem produtos. O petróleo contamina não sei o quê, o fumo não sei que mais, o papel, o plástico. As vacas que expelem mais gases que uma fábrica.

100 gramas disto, 1 caloria daquilo. Não posso, não devo, nãããããããããããão que me engorda, ainda que não tenha gordura nenhuma.

As vacinas são boas. As vacinas provocam autismo. As crianças estão a morrer na Europa do século XXI com doenças parvas como o sarampo!

Qualquer dia temos uma dieta de pedras e água, destilada, porque a outra tem radão. 

Isto lembra-me um sketch antigo, acho que de O Tal Canal: O homem chega a casa para jantar. A mulher vai dizendo o preço dos elementos da refeição, da luz, do gás, etc e tal. O homem vai desistindo de comer, de ter a luz acesa, até que apaga a vela que tinha acesa.

Há para aí uma paranóia tão grande que as pessoas, em vez de viverem, tentando encontrar um meio termo, estão a desgastar-se, a desgastar os outros, a propagar doenças praticamente extintas, a desenvolver novas doenças, principalmente do foro psicológico. E para quê?!? 

Todos vamos morrer, mais cedo, mais tarde... quer queiramos, quer não... não fica ninguém para semente! Assim sendo... deixem-se de exageros e vivam a vida!!!!!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Sotaques

- Está a contar o dinheiro em italiano?
- Você é francesa?
- Você é do cantão Graubünden?
- É da Romandia...

- Que língua se fala no seu cantão?!

Esta foi a última pergunta que eu ouvi de um alemão, à qual eu respondi: moro  o cantão Zurique, portanto fala-se alemão. E depois lá o acalmei, não sou suíça!!

Esta gente... não podem ouvir um sotaque românico que já fazem filmes!!!! Mas pronto... a única coisa que lamento é que não sei falar a língua do Graubünden (o romanche). 
De resto... entendo muito bem o francês e o italiano e, apesar de assassinar as duas língua sempre que abro a boca, a coisa chega para vender jornais e revistas... :D

Manias de clientes

- Tem o Grey of Shades?
É pior que o Charlie Hepto, que se desculpa pela fonética.

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- Custa 1,80 francos?!?! Isso é um absurdo. Na França custa 50 cêntimos.
- Tem que reclamar com a França pois os preços são feitos lá.
- Não quero saber!!!! Na França custa 50 cêntimos.
Detalhe: impresso a negrito, estava o preço francês: 70 cêntimos de euro. A diferença não é muita, mas gosto pouco que tentem fazer-me passar por parva!!

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Uma mulher com idade para ser minha bisavó:
- Sabe qual é o IVA das revistas de sexo? Se eu for buscar você vê aí? 
Ela andou que tempos às voltas, mas acabou por não encontrar a Playboy, a única revista que pode ser considerada de sexo naquela loja. E eu também não me ofereci para lha mostrar.
- Não as encontrei, mas eu volto noutro dia com mais tempo. Pode ser?!?
Claro que pode... se me quer arranjar material para o blog... venha todos os dias, que eu não me importo nada.

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Quem me conhece sabe que eu não falo baixo. Mas para os suíços.... eu berro!
- Escusa de falar tão alto comigo. Até fiquei com dores (não especificou onde).
- Peço desculpa mas não tenho um botão para regular o volume. (resposta dada depois de respirar muuuuuito fundo, literalmente)
... resmungos... mais resmungos....
- Quanto é que eu ganhei no loto?!?
- Eu já disse bem alto. Mas eu repito....

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- Mas eu não disse isso. Eu disse que vinha buscar o jornal no Domingo.
- Desculpe, isto é a minha letra. Eu escrevi o recado que me foi dado ao telefone.
- Ah. Mas eu falei com a senhora I.
- Pois, mas eu não sou a senhora I. Eu escrevi o recado que o senhor me transmitiu a mim e não à minha colega.
São estas reclamações sem justificação que nos podem tramar!!!!! Deu-me gorjeta. Se pensam que agradeci... devia ter era dado mais!!!!!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Tás mal... muda-te...

Fui a um sítio hoje de manhã que me obrigou a atravessar a pé uma passagem de nível. Como a minha preguiça estava para lá de aguda, não usei a passagem superior e fiquei à espera que as cancelas abrissem. Andam em obras na linha, o que fez com que a abertura das cancelas demorasse para aí uns 20 minutos. Como estou de folga deixei a preguiça vencer. No entanto, nem todos podiam ou queriam esperar e tiveram que arranjar alternativas. Os carros deram meia volta e foram não sei por onde e as bicicletas foram pela passagem superior.
Mas um tipinho não estava contente e toca de falar mal da Suíça. Ele é africano (ele é que disse, porque o facto de ele ser negro não o faz ser de África) e fala alemão da Alemanha. E toca de dizer que na Alemanha é que era melhor (sim, os transportes públicos alemães comparados com os portugueses são bons, mas comparados com os suíços... é piada, não é?!?). E que a Suíça era antiquada. E que as pessoas estavam sempre a fazer referendos mas não criticavam aquela situação. Oh pá!!!! Saltou-me a tampa e mandei-o ir para a Alemanha. Já que é melhor... disse-lhe que não podia reclamar se tinha uma alternativa. Mas que não!!! Que a Suíça era atrasada.
Quem é que entende esta gente?!?! Vêm de países em que o conceito de segurança rodoviária simplesmente não existe. E reclamam porque as coisas aqui têm organização?!?! 
Os suíços não são santos, por vezes são passivos demais, mas... se vamos reclamar, vamos reclamar do que está mal e não do que simplesmente não nos  cai bem. 
Depois admiram-se se os suíços implicam connosco...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

E eu é que sou doida!!!

Os níveis de coisas estranhas sobem cada dia que passa naquele quiosque...

Como já disse numa outra altura, os cigarros por aqui são vendidos também em promoção. Chegam a ser 50 cêntimos de franco de diferença. Eu nunca fumei em promoção, mas tenho colegas que o fazem e garantem que não há diferença. Mas acreditam que há pessoas que recusam o desconto e ainda ficam indignados se lhes propomos que poupem um cêntimos?!?!?

Só que isso de maços de cigarros e dinheiro não fica por aqui. Há dias, uma cliente queria pagar e demorou uma eternidade a fazê-lo porque não encontrava o porta-moedas. Procurou, procurou, procurou até que finalmente o sacou do fundo da mala. Ah... espera... aquilo é um maço de cigarros!!! Sim, a senhora usa como porta-moedas um maço de tabaco. E não é como muitos fumadores fazem: cigarros dentro, dinheiro enfiado e entre a película externa e o cartão. Nãããããã... a mulher não era dessas... era mesmo o pacote vazio... se a moda peque, acabam-se os porta-moedas feitos de pacotes de leite...

Mas a bizarrice não se fica aqui. Eu tive que fazer um esforço descomunal para não me escangalhar a rir quando vi uma senhora toda bem posta a sacar da sua mala chique o seu porta-moedas de pele... não era dia de chuva, no entanto, a mulher tinha o porta-moedas enfiado num saco de plástico e, adereço dos adereços, preso com uma mola da roupa... vermelha... de plástico.

Isto é só gente fugida do sanatório.... só pode. E eu tenho que ver isto tudo sem me rir a bandeiras despregadas, para ver se não arranjo reclamações dos clientes e, consequentemente, problemas com a chefe...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

aquilo que as palavras não traduzem

Estou no comboio a caminho do trabalho e vou cá a pensar que o turno da tarde não é o que mais aprecio.
A loja fecha às 22h30 e confesso... o fim do dia não é o melhor para trabalhar ali.

Os sem-abrigo aparecem muito por ali. É um bom local para se aquecerem: podem entrar sem pagar e não são obrigados a consumir. Basta fingir que estão a ver o que vão comprar e como a loja é relativamente grande passam quase despercebidos.
No entanto, basta-me estar um pouco atenta e já começo a topá-los. Mesmo com aspecto limpo, há coisas que não nos passam despercebidas... como vagueiam pelo espaço, como olham para as coisas, só para terem para onde olhar...

A mim custa-me sempre ver os sem-abrigo, mas à noite... quando sei que vou para casa para o quentinho e eles vão ficar num canto qualquer da estação de Zurique... Mata-me!!!
Claro que as autoridades podem ajudar, mas quantos não se deixam ajudar?!?
Há ainda aqueles que poderiam voltar para os seus países, mas, por imensas razões, não o fazem. Mesmo que eles queiram ficar na rua... dói sempre, bem fundo e forte e tudo o que não se pode traduzir em palavras de qualquer língua, por mais completa que ela seja!!