quarta-feira, 30 de abril de 2014

Live young

Não é novidade que eu gosto de publicidade. Mesmo não sendo perita, gosto de tentar desfazer o jogo que há por trás de uma marca e/ou conceito de uma marca.

A água francesa mais conhecida no Mundo (pelo menos é a ideia que eu tenho) há muito tempo que apostou nos bebés e nas suas capacidades artísticas. Pode não nos fazer voltar a ser bebés, mas todos sabemos que a água ajuda a conservar corpo e mente e a marca tem usado isso muito bem em seu favor. Na televisão, na imprensa e até nos próprios rótulos, com,  por exemplo, o Spiderman adulto e, no outro lado da garrafa, em bebé.

Mas nós sabemos que as campanhas de publicidade vão além destes meios. É o pacote da amostra dado na caixa do supermercado, é o cupão de desconto, a distribuição das bebidas nas saídas dos metros e estações de comboio... Só que desta vez... eles superaram-se!!!!!! Esta campanha teve direito a notícia de jornal e tudo. Eu pensava que não ia ter tempo para ir ver, mas fui obrigada a fazer desvios pela estação principal de Zurique (os comboios andam malucos ultimamente) e tive o prazer de ver esta campanha!

Um frigorífico gigante foi colocado no átrio da estação e durante quatro dias podia-se receber água e fazer fotos com o Spiderman. O adulto, que o Spiderman criança estava lá em cima a fazer tropelias com o frigorífico. :p

E os desenhos dos pés, no chão, e das mãos, na porta?!?!

(As fotos foram feitas em momentos diferentes, por isso nesta a porta está aberta)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Sechseläutenplatz

Mas que raio de nome é este? E falei de queimar o Böögg no post anterior?!??!

Eu vou tentar explicar a coisa.

A praça (Platz) chama-se assim pois é naquele sítio onde se comemora o Sechseläuten (ou em alemão de Zurique Sächsilüüte). Mas o que significa isso?? Pois... vi-me aflita para perceber a coisa... ora bem, se eu entendi bem...

Sechseläuten tem a ver com a decisão a mudança de horário de Verão para Inverno em pleno século  XVI. Não é que se atrasassem os horários como se faz agora. Simplesmente o dia de trabalho acabava às 5h da tarde antes do equiníco de Março e a partir do equinócio a torre do Grossmunster iria mandar recolher só quando tocassem (läuten) as seis (sechs) (que ainda é assim, pelo menos na construção civil... no fim de Março o meu pai chega uma hora mais tarde).

A festa propriamente dita, pelo menos nos dias que correm, faz-se numa Segunda-feira de Abril. Ali se passeiam os grémios da cidade, vestidos a rigor, muitos montados em cavalos de belo porte. Nesse desfile, as pessoas da plateia oferecem flores aos que desfilam. Foi interessante ver, horas antes, o pessoal a passear-se com ramos enormes de rosas e depois, ao regressar a casa, ver alguns vestidos a rigor com grandes ramalhetes compostos pelas flores que foram recebendo. No Domingo que antecede esta festa os miúdos também têm direito à sua festa. Fazem um Kinderumzug  (desfile das crianças) que vão trajadas a rigor. Eu, como estava a trabalhar, vi crianças aqui e ali, não vi o desfile propriamente dito. No entanto, tenho a alegria de comunicar que houve crianças portuguesas que, apesar da chuva se apresentaram com trajes típicos do jardim à beira-mar plantado (não identifiquei os outros, mas pelo menos as saias de riscas coloridas da Madeira estiveram lá!)

Faz parte desta festa o que a minha mãe se diverte a chamar de queima de Judas cá do sítio. O Böögg, um boneco de neve gigante, cheio com elementos pirotécnicos, é colocado em cima de uma pilha de lenha e às 6 horas de Segunda-feira deitam-lhe o fogo. O boneco representa o Inverno, assim, se demorar muito até que a cabeça dele expluda (literalmente) o Inverno demora a passar e o Verão vai ser fraco, se demorar pouco, é Verão de estalar. Assim um bocado como o dia da Senhora das Candeias em Portugal. 
Supostamente este Verão vai ser de arromba, pois o boneco demorou só 7miuntos e 30 e qualquer coisa segundos a rebentar. Mas tendo em conta que aquela lenha está molhada desde Sexta passada por causa da chuva de Abril... parece-me que não foi o Böögg, mas sim a gasolina (ou algo do género) que decidiu que o Verão vai ser bom... :)

Eu já conhecia esta festa há vários anos, mas nunca tinha tido oportunidade de presenciar nada. Este ano... até tive vista mais que privilegiada sobre a praça. Além de ver o processo de construção da estrutura do boneco a semana passada, vi como eles se "aproveitaram" do pessoal para fazer dinheiro (explico com as fotos) e vi o boneco a arder sem ter que me desviar dos milhentos chapéus de chuva que havia pela praça e ruas adjacentes...

(as fotos podem-se ampliar)

Aqui temos uma panorâmica da praça. Os sinais de proibição de estacionar bicicletas já tinham sido colocados muito tempo antes. Atrás daquela tela branca que se vê do lado direito da foto dava-se volta aos tubos do tal jogo de água.

Nesta preparava-se o Böögg falso. A festa da reinauguração da praça acabou ontem e o Böögg foi hoje... então eles juntaram duas coisas numa só. Algo diferente para a população e uma forma de fazer dinheiro com esta história toda. Assim, montaram o boneco e uma estrutura que permitia ficarmos à altura dele e fazer uma foto que pode ser encomendada na internet e que, depois de feita a transferência bancária , nos é enviada no prazo de cinco dias. Então, para garantirem a segurança das pessoas o boneco que se vê ainda ano chão e sem cabeça não estava recheado com pirotecnia. Esse foi colocado hoje de manhã. (modelo 1 para ganhar dinheiro)

Com estas vemos a estrutura de frente e o boneco de neve escondido por atrás. No meio, em baixo, compravam-se os bilhetes para os concertos que se realizavam por trás da estrutura. (modelo 2 para ganhar dinheiro) Também por questões de segurança, havia uma entrada separada da saída e o número de pessoas que podiam estar lá em cima ao mesmo tempo era escrupulosamente controlado. 
 
Outra perspectiva da praça onde se podem ver as árvores que foram plantadas de novo e, à mistura, os painéis das duas exposições que mencionei no outro post.

Esta foi feita ontem à tarde. Com muita chuva à mistura, depois de se dar por concluído o desfile dos miúdos, começou o trabalho de desmontagem da estrutura das fotografias e substituição do falso pelo verdadeiro boneco de neve.

Eu disse que tinha vista privilegiada sobre a praça. Fui até à arrecadação da gelataria (dica da D.) que é no sótão e... vi tudinho... desde os cavaleiros andarem à volta do boneco em fogo até à cabeça do boneco cair (vê-se mal, mas na terceira foto, a cabeça já rola... :D)

Curiosidade que li num jornal on-line: para proteger o chão (e não o tornar perigoso para os participantes, principalmente para os cavaleiros) usaram-se 460 toneladas de areia.  Sim... foram só 21 camiões... que é que é isso?!?!?
 
Bem... mas com esta história não foi só o boneco que perdeu a cabeça. Numa confeitaria fina da cidade também souberam aproveitar o momento e fazer dinheiro com o boneco. Criaram mini-Bööggs e eu lambuzei-me... Havia os grandes a 25 francos e eu comi dos pequenos que custavam 5 francos. A pira é de bolo de chocolate com mousse de chocolate e as labaredas em massapão. O boneco do meu bolo não era comestível, mas não sei se se passava o mesmo com os grandes. (modelo 3 para ganhar dinheiro)

Esta é uma tradição engraçada. Duvido que o boneco tenha alguma influência na meteorologia, pois isso é mais coisa do S. Pedro. Mas é tão engraçadão ver as pessoas a saírem à rua vestidas a rigor, a cumprir rituais, em família...

A Praça da cidade

O departamento da construção subterrânea e/ou ao nível do chão, isso ou foi a melhor tradução que consegui para Tiefbauamt, andou três eternidades para colocar uma praça de Zurique nos trinques.
Já andava tudo farto de pó e barulho, já todos queriam aquele espaço em ordem. No fim de muito reclamarem, lá se esqueceram dos atrasos com a festa que lhes deram.... Desde o início a semana passada até ontem à meia tarde que na Sechseläutenplatz que houve festa rija.

Houve uma noite de Jazz, uma de cinema ao ar livre com o filme One Chance, uma noite chamada de Music Festival que teve a participação de vários artistas de estilos bem diferentes (eu saí do trabalho e os Pegasus estavam a actuar, mas.... estava a chover e eu estava cansada demais para festas!). No Sábado durante o dia os mais pequenos puderam divertir-se a andar em cima de camelos, com o apoio do circo Knie e do Jardim Zoológico de Zurique. E ao fim do dia, tive o prazer de poder trabalhar ao som da orquestra da Ópera de Zurique.
Além disso, na praça pôde-se ver duas exposições, uma sobre a história e importância daquele espaço ao longo dos séculos e a outra uma selecção de fotos dos picos da montanhas suíças (recomendo vivamente que se dê uma espreitadela ao link).

Com tudo isto, nos intervalos do trabalho (a gelataria é pertinho da praça) acabei por aprender umas quantas coisas mais sobre a cidade e sobre aquela praça em específico...

Com as obras de remodelação da praça e criação de um parque de estacionamento subterrâneo, em 2009, descobriram-se vestígios de palafitas do tempo do neolítico. Ou seja, die älteste zürcher Siedlung (a povoação mais antiga de Zurique) esteve ali situada. Mas com as minhas andanças fiquei fascinada por saber que durante a Segunda Guerra Mundial aquela praça serviu de campo de sementeira de batatas. Mesmo não se sabendo alemão, aqui encontra-se uma evolução da praça interessante de se ver.
Numa das pontas da praça está o edifício da ópera (Opernhaus Zürich) que até 1964 era chamada de  Stadttheater (teatro da cidade, repare-se na quantidade de consoantes consecutivas). É ali que montam a roda gigante para a Street Parade e/ou outras festas de grande alcance na cidade. É naquela praça que o circo Knie vai estar durante um mês já a partir de dia nove. É ainda naquela praça que o palco principal da Street Parade é colocado. E é ainda ali que se vê o Böögg a arder.

Embora pareça um pouco uma eira, na Sechseläutenplatz encontramos ainda um jogo de água com repuxos que já fizeram a delícia de alguns petizes e vamos poder sentar-nos à sombra das árvores (ainda jovens) usando cadeiras coloridas que vieram da França (esta é que me deixou um bocado espantada... não saberiam fazer cadeiras por cá?!?!).

É uma praça ampla, na cidade de Zurique que, apesar do stress das obras, agrada a toda a gente e por isso teve direito a tanta festa...

Da exaustão e da maluquice

Hoje saí bem mais cedo do trabalho, no entanto, cada perna pesa, no mínimo, uma tonelada.
Trabalho que me desunho. Sou sempre das últimas a sair do meu turno. Razão tem um puto que entrou esta semana e se virou para mim ontem, depois de eu lhe dizer que tinha que aprender a fazer o trabalho, quem sabe menos, trabalha menos. Mas pronto... não está no meu feitio negar fogo!!! Estou desejosa que chegue Quarta-feira para, finalmente, ficar no ninho até me doer o corpo de tanto estar deitada!!!

No entanto, parece que o facto de eu trabalhar muito só é visto, pelos outros, só de algumas perspectivas. Uns ficam admirados pela percentagem de horas que trabalho (estive a fazer contas e este mês tenho quase 100%, quando o meu contrato é só de 80%). Ou, no caso do Z., olha-se para o dinheiro que vou ganhar. Este mês vais ficar milionária, disse-me ele. Primeiro, é mentira só porque é mentira... Segundo, mesmo que ficasse milionária, mereço cada Rappen que ganhar. Se eu estivesse folgada da vida, estaria a dormir descansada e não sem dormir por causa dos pés a latejar, apesar de ter saído mais cedo!!!

Só que... sabem uma coisa?!?! Estes comentários parvos não são o pior. Sim, quando se pensa que se está mal... eu consigo levar com qualquer coisa ainda pior!

Temos o S., uma figura execrável do Bangladesch, para dar cor aos nossos dias! Não é execrável por ser daquele país, pois há lá um outro funcionário que também é do Bangladesch que é uma simpatia incrível, mesmo daquelas pessoas fofas que dá vontade de fazer bilu bilu... O outro é execrável só porque é parvo...

Tem histórias de trás, mas esta semana superou-se em muito!!! Como misógino que é, foi altamente agressivo quando lhe perguntei com educação se me poderia fazer uma coisa (nem sequer pedi para fazer). A sorte é que a chefe ouviu e foi ela mesma a ir dar-lhe nas orelhas.
Mas a coisa desceu para o chinelo ontem!!! O F. é um gay espanhol. Tem alguns trejeitos de gay e fala alto como qualquer espanhol. Tem conversas parvas como todos os outros, mas trata toda a gente muito bem.
Como a loja e a cozinha são pequenas e a equipa é grande, há momentos em que parece que estamos no metro de Tóquio e temos que nos empurrar, literalmente. Como o F. é um homem alto e forte, quando ele nos empurra, quase que parece que voamos. Mas tenho a certeza que não é por mal.
Ontem, uma vez mais, ele fez isso com o S.. Sem maldade, sem nenhuma intenção ordinária, até porque o F. nem é de ter conversas ordinárias/maldosas com os homens (com as mulheres a conversa muda de figura). Pois bem... o languinhento do S. eriçou-se todo, berrou com o F. feito louco. O F. a tentar explicar-se, ele não deixava... Estava a ver que o F. ia à cara ao outro... Passei a tarde toda a fazer recados ao F., pois ele recusava-se a aproximar do outro e ser mal interpretado.
Podem imaginar a situação... eu de moça de recados, só porque aquele ser rastejante tem uma mentalidade mais fechada que um ovo de codorniz... Ah! Está mal?!?! Que volte para a terra dele. Porque na Europa, por muito preconceito que possa haver, sempre  há mais tolerância do que aquela que ele merece!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Viver para aprender!

Hoje... quer dizer ontem...é que enquanto eu não dormir... será hoje... Pronto, no dia 23, o Google.ch assinalava o aniversário do físico alemão Max Planck. Eu pensava que ia chegar mais cedo a casa, por isso não copiei logo  a imagem, por isso só tenho esta meia ranhosa sacada da net (no O grande mexiam-se lá umas coisas).



Mas nessa procura da imagem encontrei este vídeo-doodle no tubo (não dá para copiar o vídeo para aqui). Por acaso sabia que era dia de S. Jorge. Mas também foi mesmo só por acaso. Fiquei a saber isso coisa de 10 minutos antes e não tinha nada a ver com religião. Era com livros. Pois o Dia Mundial do Livro é a 23 de Abril e segundo a Associação de Professores de Português a coisa resume-se assim:

O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de abril. Trata-se de uma data simbólica para a literatura, já que, segundo os vários calendários, neste dia desapareceram importantes escritores como Cervantes e... Shakespeare. A ideia da comemoração teve origem na Catalunha: a 23 de abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo.
 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Para onde vamos nós?

Não dou muita importância ao meu aniversário, do mesmo modo que não dou muita importância ao aniversário dos outros. Acho que a pessoa deve ser festejada todos os dias. No entanto, tento não me esquecer das datas para, no mínimo, escrever umas linhas simpáticas à pessoa.

Tanto nos aniversários, como em épocas mais festivas, em plena era da tecnologia, se posso, eu escrevo um postal. Não há nada mais caloroso do que umas linhas escritas pelo punho da pessoa que "perdeu" tempo a escolher um postal, que teve o cuidado de colar um selo e de ir ao marco de correio mais próximo depositar a missiva.
No entanto, por diversos factores vejo-me obrigada a usar o livro das caras e/ou o email para felicitar algumas pessoas. Mas, mesmo usando esta tecnologia fria, tento dar calor à coisa. Vá, pelo menos o meu calor! Escrevo mensagens personalizadas, não reenvio mensagens, a não ser que seja algo mesmo caricato que eu sei que aquela pessoa vai gostar, e remato sempre com beijos e/ou abraços (lá está, depende sempre de quem vai receber a mensagem) e muitos smileys.

Hoje escrevi a um amigo a dar-lhe os parabéns atrasados. Expliquei-lhe o meu atraso e escrevi umas linhas para ele, linhas que não teriam muito sentido se fossem enviadas para outra pessoa. Ele agradeceu e ainda disse para eu não me preocupar com o atraso.

No fim desta troca de mensagens, em privado, reparei que alguém tinha colocado uma mensagem pública no perfil de uma colega que faz anos hoje. Fiquei estarrecida!!! Eu tinha vergonha de escrever uma mensagem destas. Acho até que gente que escreve mensagens destas deverias ser banida das redes sociais...
Não digo que deveriam ser como eu (eu acho que deveriam, mas... já aceito outras versões menos trabalhadas), no entanto... se fosse comigo, eu consideraria ofensivo que me escrevessem no perfil a seguinte mensagem: pbs!

What the...?!?!? chegámos ao ponto de resumirmos os nosso sentimentos a pseudo-siglas?!?!? Já não haverá tempo para, no mínimo, se escrever a palavra completa (que considero na mesma mais do que insuficiente)?!?!
Bolas!!! Hoje estou decepcionada com a humanidade!

sábado, 19 de abril de 2014

Printemps



                            Em Stadelhofen, Zurique.
  
 
 
Aqui perto de casa. Estes vasos são colocados no mesmo sítio no início de cada Primavera. Os funcionários da câmara passam por cá a regá-los de vez em quando. Devo dizer que é a primeira vez que gosto da combinação das plantas e das cores. Sinceramente... eles às vezes têm cada gosto... A rotunda é aqui perto. Dá para ver as tulipas na rotunda, os narcisos na plataforma da passadeira (são quatro passadeiras, quatro plataformas com narcisos...) 
 




Aqui a penúltima foto, de repente, parecem flores, mas é só uma planta rasteira coberta de pétalas de uma árvore ali perto...

As três piores coisas...

Vi isto na internet...


Mas preferi fazer a minha lista...
Uma artista do paint!!! :p

Da capacidade de perdoar

Sinto que ultimamente tenho andado um bocado rabugenta demais, até para o tipo de feitio que eu tenho. Mas... também tenho histórias bonitas para partilhar.
Se a história de uma mãe que salva a vida do assassino do seu filho não comover ninguém... então não sou eu que estou rabugenta!

18

Andei a limpar o meu livro das caras.
Gente que eu nunca procurei, mas que me adicionou e apesar das minhas tentativas... não se consegue uma conversa mais longa do que ah! como estás? há quanto tempo?!?! pois é!!
As benditas partilhas de imagens de campanhas que não interessam ao Menino Jesus. Ou orações em que se mistura religião com superstição, em que se reza uma oração em troca de dinheiro. Ou campanhas em que a criança, das duas uma, ou já está curada ou já morreu. Ou de estatísticas cheias de erros como a última que vi esta noite em que Portugal tem um ordenado mínimo de quase 600 euros.

E, por último, a troca de ideias sobre qualquer tema.
Hoje foi o Japão que me levou a apagar um contacto. Publicava-se uma notícia sobre mais uma bizarrice que, ao que parece, anda a circular em terras de Sol Nascente. Eu calhei a comentar que os acho demasiado bizarros e que aquela notícia (e outras semelhantes) só me faziam afastar mais daquele país. Estava eu a trocar ideias, justificando a minha opinião, com o meu contacto quando entra um contacto do meu contacto na conversa.
Um baita discurso que se aproximava das minhas ideias e eu senti-me aliviada. É que não conheço ninguém que tenha uma opinião sobre os japoneses semelhante à minha. E comentei o facto de termos opiniões semelhantes (de vez em quando sabe bem ter alguém que, de forma justificada, concorde connosco!!!). A resposta da pessoa: Eu até achei a notícia interessante e simpatizo com o Japão. Eu estava a falar dos EUA.
Hããããã?!?!? Só houve um momento em que, em contexto, mencionei um país que tem ainda ditadura, porque queria que as minhas palavras fossem claras. Logo em seguida, fechou-se esse parêntesis e voltámo-nos a centrar no Japão, sem comparações, sem menções a outras culturas e de repente, aparece aquele de para-quedas e mistura alhos com bugalhos... Desisti da conversa e... delete!

Eu não tenho paciência mas também não consigo ficar indiferente. As pessoas partilham sem pensar e/ou investigar sobre as coisas, usam como comentário as ideias dos outros, fazem citações que nem sempre são mesmo daqueles autores, que nem sempre são adequadas àquele contexto, e cujo valor, por vezes, não sabem avaliar.

Se o que entrou na conversa depois fosse coerente, não me incomodava nada de continuar na conversa a trocar ideias como estava já a fazer com o outro, mas não... 

Como eu não consigo ficar indiferente, e tenho que me preservar (tenho cada recomendação médica também!!!)... nem que seja eliminando pessoas da lista, tenho que obedecer à recomendação do meu médico que me disse sabiamente há coisa de um ano, Há momentos em que temos que desligar e desistir de ser D. Quixote do Absurdo.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Kunst oder what the f***?!?*

Hoje estava de folga mas fui para Zurique só para ir ver um mamarracho.
Há já uns tempos que se falava de uma grua como obra de arte junto ao lago. E porque era feio. E porque era arte. E porque não tinha nada a ver com a cidade. E porque estavam a ser radicais e intolerantes.

Resultado: a suposta arte acabou por ganhar. Esta semana apareceu todos os dias no jornal a evolução da instalação da grua. Até que foi dado por concluída ontem. Hoje fui ver a arte (?!) e pronto... confirmei o que suspeitava... aquilo não é arte nenhuma...
Uma grua de cargas e descargas de um porto grande, numa cidade que não tem transporte fluvial e conta com três ou quatro cais para barquitos pequenos e com um cais um pouco maior para os barcos turísticos que se passeiam pelo Lago Limmat... eu vou ali e já venho para achar piada à coisa. Além disso... a grua está toda ferrugenta!!!!!! Ao menos que montassem uma coisa bonita, com aspecto mais lavado... Agora isto... Eu fotografei de perto, mas aqui dá para ver o impacto da coisa... fica lindo ver o Grossmunster com aquele mamarracho à frente!!!! :/

Mas isto dos conceitos de arte... há muito que eu os acho um bocado distorcidos. No entanto, entre os suíços a coisa está mesmo twisted!!! É que o Hafenkran (grua de porto) no meio da cidade de Zurique é coisa de meninos, se compararmos com esta coisa (não consegui nada em língua decente, mas dá para ver os "bonecos") que uma artista suíça, a viver em Düsseldorf, fez em Colónia na mais antiga feira/mostra de arte do Mundo. Mesmo sem autorização, resolveu andar a pôr ovos (assim como as galinhas) nua no meio da rua. Os balões de tinta (ou lá o que seria) que ela enfiou na vagina foram expelidos para uma tela que pode ser comprada. Esta coisa representa o nascer de uma obra de arte. Eu confesso que sou uma bota de elástico e só vi o nascer de uma coisa sinistra!!!!

*Arte ou ....?!? Adaptação livre do título do vídeo cujo link deixei aqui, que pergunta se é Arte ou pornografia...

Eu ainda gostei da sugestão de uma colega que foi comigo, ao menos que lhe pendurassem um vaso gigante no guincho. Com uns gerânios. Assim ainda tinha algum jeito. E até que era uma ideia! :)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

São malucos e querem pôr-me maluca também!

Mas os casos sinistros continuam... e só conto mais dois casos de hoje que, por mim, mesmo em plena Quaresma, já me chega de penitência!!!

Como disse no post anterior, tenho estado mais na cozinha. A loja tem o orgulho de preparar os seu próprios cornetos. Isso implica horas seguidas em frente a seis pequenas chapas que irradiam muito calor e onde de x em x tempo tempos que colocar gordura para a massa não se colar. Passado pouco tempo, é um calor imenso na cozinha minúscula e com o passar das horas o ar começa a ficar pesado. Pois as chapas continuam a aquecer o ar e a queimar oxigénio, mas como não há uma janela, e o exaustor industrial existe, mas não é usado... chega-se  a uma certa altura em que os olhos ardem, a energia desce, sentimo-nos sonolentos e meios desnorteados por inalação de monóxido de carbono. Ontem a coisa foi mesmo forte e eu comecei a sentir-me muito sonolenta. Assim, abri a porta da rua para fazer corrente de ar na cozinha e ver se renovava aquele ar. O Z. (o tal sub-chefe) estava a fazer pausa e viu-me ali parada, a segurar a porta e perguntou-me o que se passava. Expliquei-lhe e ele  fez trombas. Ar fresco na cozinha?!?! Até parecia ofensa...
Hoje, voltei aos cornetos e o Z. voltou a trabalhar comigo. Eu tinha feito pausa uns 20 minutos antes e ele vira-se e diz, se quiseres fazer uma pausa de cinco minutos, beber qualquer coisa ou fumar um cigarro, estás à vontade.
Eu deixei-me estar, pois pensava que ele falava com o Fe. que estava atrás de mim, que não tinha feito pausa e que fuma. Afinal, era mesmo para mim, que não fumo e tinha estado 30 minutos fora dali. Eu fiquei espantada, ele esclarece-me ah é por causa do ar pesado da cozinha. Mas que merda é esta?!?!? Estão a gozar comigo?!?!? A sério?? Ontem, quando eu me sentia a desfalecer ele faz trombas. Hoje que eu estava fina porque tinha tido pausa pouco tempo antes ele manda-me ir fumar um cigarro durante cinco minutos?!?!? Mas é tudo esquizofrénico ou quê?!?!?

Remato com algo mais ligeiro. Ou irónico e contraditório? Ou só parvo?
A L., a tal que sabe tudo, deu-me hoje uma alegria muito grande. Hoje tive o prazer de lhe ensinar alguma coisa. xã xã xarã... Hoje ensinei-a a lavar loiça. Pronto, quanto a este assunto não digo mais nada... vou organizar umas ideias e umas fotos que tenho umas coisas engraçadas sobre a aqui a cidade e sobre Zurique para postar aqui. Amanhã, talvez. ;)

Don't blame me!!!

A B. é uma mulher do Canadá que começou a trabalhar lá na loja esta semana. Ela é muito fofinha, mas... é mesmo só isso. Não fala alemão que chegue (eu ainda não percebi quais são os verdadeiros critérios de selecção naquela casa... é que cada um consegue ser pior que o outro!) logo não entende ordens simples e demora uma infinidade a servir um cliente porque primeiro que processe a informação...

No entanto, como tenho andado mais pela cozinha não me atrofio (muito) com o andamento dela... Só que hoje... a coisa foi demais!! Nós temos que treinar o peso das bolas de gelado e escrever numa folha. Ela ocupou um carrinho com o dossier de registos e não desenvolvia. Como eu vi aquele caos disse-lhe que parasse de atender clientes pois estava lá o F. (veterano na casa) que poderia desenrascar a coisa durante os minutos necessários ao treino. Como tive que sair dali, já nem sei porquê, não vi se ela se despachava ou não. Voltei e... o dossier no mesmo sítio. Voltei a dizer-lhe que fizesse aquilo. Mas... entrou por um ouvido e saiu pelo outro...
Entretanto, para não me passar mais com a situação, fui para reabastecer os gelados (não que precisasse muito, mas... não havia muitos clientes) e ela... ia reabastecer os gelados. Eu disse-lhe para estar quieta e que fosse fazer as bolas e arrumar a porra do dossier. Ela foi... mas não fez...
O F. passou-se pegou no dossier e na balança e arrumou tudo. É que a partir de uma certa hora ou está tudo nos sítios certos ou o trabalho simplesmente deixa de render... Então vem-me a barata tonta e começa a nadar às voltas à procura e à procura... eu pergunto-lhe o que procura... ah a lista dos pesos... está no sítio, respondo eu...
Eu compreendo nervosismo de primeiros dias. Insegurança ao fazer as bolas... estarão grandes? estarão pequenas? Insegurança a atender os clientes... será que me safo em alemão? Será que entendo o dialecto? Incerteza nos produtos... Um sorbetshake é o mesmo que um milkshake? E um smoothie leva o quê?  Mas... ir buscar um dossier. Ele desaparecer do sítio onde se deixou. E andar a procurar no meio da gelataria sem confirmar se estará no sítio... oh pAAAleeeeeease!!!

Entretanto regressei ao trabalho da cozinha e não tive que estar mais com ela. Só que...o resto do pessoal passa na cozinha e vai contanto as cusquices todas... vem a D. (que ocupa o cargo de sub-chefe em ex aequo com o Z.) e lamenta-se, a B. não saber contar. Eu admirei-me... como é que é possível?!?! Presumo que os números no maior país do Mundo sejam iguais aos da ilha mais contestada do Velho Mundo... Ah. Sabes, ela em vez de carregar no símbolo de 20 francos, carregou no de 200. Whatiii??? A nota de 20 é cor-de-rosa. A de 200 é castanha. No écran os desenhos das notas aparecem em sequência da esquerda para a direita, da mais pequena até à maior. É simplesmente impossível nós carregarmos na tecla de 200 francos por engano quando se quer carregar na de 20...

Fogo... naquela loja é lerdice a mais por metro quadrado... não é normal, simplesmente não é normal!!! Mas pronto... neste caso sempre podemos culpar o Canadá... :p



Frustradas que querem frustrar os outros

Apesar de ter algumas esquisitices na hora de comer, sou defensora que se deve comer um pouco de tudo. Apesar de não ter estudado medicina, ninguém me convence que comer um punhado de nozes é o mesmo que comer carne. Pode ser um substituto de vez em quando, mas carne é carne, peixe é peixe e... atum é atum... :p
Agora fora de brincadeira, as dietas malucas (olha a Peaches Geldof, que parece que morreu por causa dessas coisas da Detox), a ausência de proteína animal... no meu entender (pelo que leio, escuto e tenho visto com amigos) são coisas perigosas. Por isso acho que ser vegan é de malucos...

Santa paciência, é o que eu acho... Mas, além de achar que pode ser prejudicial para a saúde física, também defendo que estas dietas afectam em muito a parte psicológica. Não sei... um hamburger bem gorduroso de vez em quando... até dá outra cor à alma!!! Eu ando a comer há mais de um mês numa cadeia de hamburgers e... eu ainda não enjoei, apesar de comer seeeeeeempre o mesmo menu. É que na meia hora de almoço (que pode ser na hora do lanche, quase do jantar) eu consigo descarregar as frustrações a mastigar o hamburger e elas desfazem-se depois com os sucos gástricos!

Por tudo isto, acho que começo a perceber a minha chefe. A cabra é cabra em vários sentidos. Um deles é no que à comida diz respeito. Desde o início que reparei que ela aquece uns pratos mal-cheirosos e com aspecto sinistro no micro-ondas e vai comer sozinha para o escritório que é na cave. Há dias estava ela toda contente a furar a película de mais uma comida pré-cozinhada e a explicar que era uma nova receita vegan. Pronto... meio caminho para saber que a frustração lhe vem, também, pela alimentação. Sem uma proteínazinha de animal na dieta dela, é de compreender que ela tenha oscilações de humor e que alucine quase como um doente bipolar. Ora veja-se o dia de hoje...

Ainda antes da abertura, estava a cabra na loja a ensinar umas coisas a uns novatos e eu na cozinha a preparar umas frutas. Como me surgiu uma dúvida cheguei-me à porta que separa a loja da cozinha e chamei pela A. para lhe perguntar. Eu só disse o nome da moça e ia para começar a perguntar quando a cabra manda um berro Hey! Hallo! Eu até me assustei. Olho para ela e ela começa a disparatar que está a explicar as coisas e que não quer ser interrompida. Eu não explicito aqui o que me deu vontade de lhe fazer, pois é crime na maior parte do Mundo, mas garanto que me segurei muuuuuito, não disse nada, virei costas e esperei que a A. deixasse o trabalho que estava a fazer para me explicar o que poderia ter sido explicado se sua excelência caprina não se sentisse assim tão incomodada.

Ó despois, estava eu muito bem a acabar o que tinha começado, aparece-me a cabra anã a pedir desculpa porque ela não se consegue concentrar se houver mais gente a falar ao pé dela e que se passa o mesmo ao telefone e pede-me desculpas e ainda me faz festinhas no braço. Eu ignorei. Não disse nada e não lhe olhei para a cara. Se ela se incomoda com uma pessoa a fazer uma pergunta a uma terceira pessoa, a uns metros de distância... que está ela a fazer numa loja de gelados que em dias bons recebe mil clientes e que tem 6 vendedores de gelado a trabalhar ao mesmo tempo?!?!?

A sério... eu nem sei como não me saiu fumo pelas narinas... acham que isto é de gente normal?!?!? Eu não lhe estava a berrar aos ouvidos (nem sem ser aos ouvidos), eu não estava ao pé dela, eu não estava a falar para ela, nem para nenhum elemento do grupo que ela supostamente estava a formar... assim... qual é o drama?!?!
Se não é capaz de trabalhar assim que vá viver para o Carmelo ou se achar eu isso é muito à frente... que resolva as suas frustrações de carne e da carne (ninguém se coíbe de comentar o desespero dela em encontrar um homem...) para toda a gente poder trabalhar em paz!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Quem quer ser otário?

Na última vez que estive em Portugal, o meu irmão comentou, lamentando-se também, que não tinha sido selecionado para o Quem quer ser milionário?.
Ele não compreendia e, confesso, eu também não. Eu nunca admito isso à frente do meu irmão, mas ele é moço para ter cultura suficiente para açambarcar o prémio máximo sem usar as ajudas...

Mas agora já se tornou tudo muito claro. Nesta nova edição do programa só se quer gente buuuuuuuuurra como um calhau. Uma nova versão em que uma advogada, filha de uma médica, falha as coisas mais básicas como que órgão produz a insulina?

Decididamente, o meu irmão não se deve sentir mal por não ir lá...

Eu sabo, tia. Eu sabo!*

Anda na gelataria uma russa (pelo menos é o que diz o meu colega espanhol, que eu não sei de onde ela vem) que é um atrofio... daqueles. Olhar para a cara dela dá sono! Não tem energia na cara, não sorri com convicção, não fala com convicção... é uma espécie de zombie. Se ela tem este aspecto... já se pode imaginar como é o trabalho dela!!!

Os gelados são vendidos a uma temperatura negativa, mas não é tão baixa quanto os congeladores do armazém. Para se poder fazer as bolas, deixamos os gelados a apanhar ar durante um pouco. Eles "aquecem" e é muito mais fácil fazem bolas.

Há dias eu fui buscar gelados para reabastecer e deixei-os a "respirar". Ela começa a arrumá-los e eu disse-lhe que não o fizesse. Porquê?, pergunta ela, com legitimidade. Expliquei-lhe e responde-me a tipa que estava nos eu terceiro dia de trabalho, só tu é que fazes isso! Chamei o chefe. Perguntei-lhe à frente dela como era. Ele começa com explicações sobre o Verão e enrola e enrola. Até que eu lhe corto a palavra: mesmo que por pouco tempo, deixa-se cá fora ou não? E ele lá confirmou que afinal não sou só eu que o faço (até porque eu aprendi com os outros mais velhos!).

Na conversa com o tal espanhol, comentei a cena (porque ela continua a meter os gelados sem os deixar "respirar") e ele conta-me uma história ainda mais engraçada!!!! Ainda na primeira semana da croma, o espanhol começou a explicar-lhe uma coisa porque a inteligência rara estava a fazer as coisas mal. Eis a resposta dela: porque é que me estás a explicar as coisas? Hoje não é o meu primeiro dia.

Bolas!! Estou ali há mês e meio e toooodos os dias me aparecem dúvidas novas. Umas consigo esclarecer sozinha, outras sou obrigada a perguntar aos seniores da casa... E a croma... acha que sabe tudo porque não é o primeiro dia?!?!? Este Verão promete!

*Era o que um miúdo (agora homem de 40 e poucos anos) dizia em garoto à tia, sempre que ela o repreendia ou tentava ensinar algo.