quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Sai uma pessoa de casa para isto

Vai-se a uma seguradora para tratar do seguro de saúde.
Recebe-se uma proposta mais cara do que o seguro que se tem, mas as compensações são aliciantes.
Mas tem que responder a este inquérito de saúde, diz-me a assistente simpática.
Eu levanto uma folha do contrato deixando à mostra um canto da grelha e digo como quem não quer a coisa, mas tendo quase a certeza do resultado, as coisas mudaram no último ano e eu tenho esclerose múltipla.
Ela, sempre muito simpática, responde ah sendo assim não lhe posso oferecer nada. Pega nas folhas que me estava a dar e dobrou-as para deitar fora.

Posso ir a pé, mas não vou carregar com o burro... por isso, estou danada com a vida!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Resposta à anónima

Um velho resolveu vender seu burro na feira da cidade. Como iria retornar andando, chamou seu neto para acompanhá-lo. Montaram os dois no animal e seguiram viagem.
 Passando por umas barracas de escoteiros, escutaram os comentários críticos; " Como é que pode, duas pessoas em cima deste pobre animal !".
 Resolveram então que o menino desceria, e o velho permaneceria montado. Prosseguiram...
 Mais na frente tinha uma lagoa e algumas velhas estavam lavando roupa. Quando viram a cena, puseram-se a reclamar; " Que absurdo ! Explorando a pobre criança, podendo deixá-la em cima do animal." 
Constrangidos com o ocorrido, trocaram as posições, ou seja, o menino montou e o velho desceu.
 Tinham caminhado alguns metros, quando algumas jovens sentadas na calçada externaram seu espanto com o que presenciaram; "Que menino preguiçoso ! Enquanto este velho senhor caminha, ele fica todo prazeroso em cima do animal. Tenha vergonha !"
 Diante disto, o menino desceu e desta vez o velho não subiu. Ambos resolveram caminhar, puxando o burro.
Já acreditavam ter encontrado a fórmula mais correta quando passaram em frente a um bar. Alguns homens que ali estavam começaram a dar gargalhadas, fazendo chacota da cena; " São mesmo uns idiotas ! Ficam andando a pé, enquanto puxam um animal tão jovem e forte !"
 O avô e o neto olharam um para o outro, como que tentando encontrar a maneira correta de agir.
 Então ambos pegaram o burro e o carregaram nas costas !!!
 
 
Esta história ilustra bem a forma como nós não podemos agradar a gregos e troianos. E há anos que eu desisti de o fazer. Gostam de mim, perfeito. Não gostam, perfeito na mesma. Não sou daquelas pessoas que defendem que me amem ou odeiem, mas que falem de mim. Não quero saber! Por querer saber acabei por sofrer muito.
Sou uma empedernida, sou fria, sou calculista, sou amarga. Xiiiiiiii! Até agora ninguém disse nada que eu não saiba primeiro. Hello!! Eu vivo comigo própria. Eu deito-me e levanto-me comigo. Eu aturo-me todo os dias!
 
Eu criei este blog para comunicar com os amigos (cof cof cof) que deixei em Portugal. Resulta que os amigos (cof cof cof) acharam piada ao nome, mas quase ninguém passa cá a ler. Mas eu sei que há gente a ler (pelos comentários escritos, pelos comentários noutros sítios).
No entanto, escrever aqui há muito tempo que já não tem nada a ver com os outros. Há muito tempo que escrever aqui se tornou uma terapia para mim. Tem-me ajudado a manter a sanidade mental. Se as pessoas lêem e regressam fico feliz. Se lêem e não gostam... azar! Eu não estou aqui para agradar toda a gente, principalmente anónimos. Até porque como se vê com o velho, o neto e o burro... não se consegue agradar a toda a gente.
 
No entanto aqui fica a resposta ao comentário que uma pessoa fez no post "Fall". Supostamente é uma mulher que tem idade para ser minha avó.
 
O facto de não ter e-mail não a impedia de me dizer o nome. Assim, sei vou nomeá-la como "anónima" (percebi que é uma senhora em "sua avo").

A doença não me fez o carácter. OBVIAMENTE! Faz hoje precisamente um ano que recebi a notícia, o meu carácter é  bem mais antigo. Seria muito reles da minha parte defender o meu carácter com a doença. Isso era a prova que eu não tinha carácter!

O que eu escrevo aqui é uma ínfima parte de mim. A senhora não tem noção do que fica por dizer.  Não tenho que o dizer, não sou obrigada. Do mesmo modo que não sou obrigada a agradar toda a gente.
A esclerose múltipla deixou-me esta Segunda-feira o dia todo em casa cheia de dores. Desculpe lá se fico FODIDA da vida por não ter conseguido ir comprar pão ao supermercado. Pão!!! Um simples pão!!! (a minha mãe acabou por cozer um depois de vir do trabalho) Disseram-me que os efeitos secundários passavam e ainda não passaram. Eu não estou aborrecida com o meu médico, eu até gosto muito dele e sei que ele não pode fazer nada. Inclusivamente sempre que ele me pergunta como estou eu digo-lhe que estou bem. Eu não me queixo dos efeitos secundários porque eles não têm solução. Já fico contente se não tenho crises. Mas não fico feliz por ter estado o dia todo em casa a tentar fazer alguma coisa de produtivo e não ter conseguido atingir metade dos meus objectivos!

Eu não lhe devo explicações, mas já que parece tão preocupada comigo... Eu digo-lhe: estou aborrecida com a vida. Porque infelizmente a minha vida é um filme de terror. É que a cara anónima não sabe, mas a esclerose múltipla é dos meus problemas mais pequenos. Os maiores são escabrosos demais para escrever na praça pública.
 
Além do mais, acho o seu comentário completamente despropositado naquele texto. Convenhamos, eu, naquele texto, assumo que não estou bem, mas mostro que me esforço por encontrar as coisas bonitas que me rodeiam e que tenho o maior prazer em partilhá-las.

É que eu tenho textos em que as pessoas possam considerar que destilo ódio, mas a maioria são bem coloridos (e falo literalmente).
 
Se não percebeu isso, problema seu. Se não está contente com os meus textos, problema seu também. Tem bom remédio: não venha cá ler. Há muitos anos que deixei de tentar agradar aos outros.
 
É que comentar a vida dos outros é fácil. Ainda mais fácil quando não se tem um nome!

Saudações!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fall

Ando numa fase crítica! Desempregada (é mais a desocupação que me enerva, do que a ideia de desemprego), stress a vários níveis e, por muito que eu queira esquecer, amanhã faz um ano que recebi uma notícia baril (ou então não)!!!

Eu sei que tenho que dar a volta por cima, mas está mais complicado do que eu esperava. Desta forma acabo por me desleixar e não ando a apreciar a minha estação favorita na Suíça... Saio pouco de casa, quando saio não levo a máquina fotográfica ou levo-a sem bateria... Ando mesmo a precisar de férias!!!!

Mas, mesmo assim, ainda há uns cliques de telemóvel por aqui...




 Eu achei piada ao efeito que estas duas árvores fazem. De repente, parece que é só uma e que só uma parte é que entrou em modo Outono. :D Na realidade são duas. E se ao longe as folhas parecem laranja, ao perto vê-se amarelo...
 
Umas brincalhonas estas árvores suíças... :p

há q'aaaaaaaaaaaanos!!

Eu moro nesta cidade há mais de cinco anos. E antes disso comecei a fazer férias por cá em 1995.
Mas só este Sábado é que consegui ver a igreja matriz cá do sítio. Passei lá à porta e deu-me para tentar entrar (muitas vezes está fechada ou com missa ou eu tenho muita pressa...) e FINALMENTE consegui.
Não tinha a máquina fotográfica comigo (ando um bocado baldas ultimamente), mas, viva a tecnologia!, o telelé até tira umas fotografias razoáveis.
Qualquer dia volto lá com mais tempo e com um aparelho mais decente. Enquanto esse dia não chega, aqui ficam umas fotos do interior magnífico desta igreja protestante.
 
Como é uma igreja protestante não há santos representados em estátuas, mas os frescos nas paredes são soberbos. Comece-se com o fresco sobre o altar... é preciso dizer alguma coisa?!?!
 
 
 O órgão, como é comum por estas bandas, é de encher o olho e, tenho a certeza, de encher o ouvido!
 Na nave central, por cima dos arcos de sustentação temos cenas da vida de Jesus, desde o nascimento até à morte, nesta foto vê-se, por exemplo, a cura do cego.

Nas partes laterais, sobre fundo amarelo temos, de um lado, os profetas, do outro os reis.


Para variar... saí de lá de queixo caído...

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fu**in twisted world...

Eu tenho tido muito azar nos últimos anos... faço amigos entre alemães que regressam à Alemanha, amigos que afinal são fanáticos religiosos que me fazem fugir a sete pés... amigos que afinal não são amigos e me traem à descarada... uma amiga minha disse-me que devia tomar banho de sal grosso para tirar o encosto. Se calhar...
Assim, de vez em quando acabo na net a falar com pessoas que não conheço pessoalmente. Não vejo mal nenhum, desde que eu controle minimamente as coisas, por exemplo, não há webcam para ninguém...
Já apanhei gente simpática, com quem mantenho contacto aqui e/ou no livro das caras. Já apanhei gente que era simplesmente aborrecida e lentamente fui fugindo. Já apanhei fanáticos/as e tarados/as. Mas agora apareceu-me uma figura à frente... que nem sei definir!

A pessoa em questão perguntava-me por que raio não queria eu conversar. Argumentou uma coisa parva qualquer e eu disse-lhe que não me atraía a ideia de uma pessoa usar uma foto de crianças num site onde supostamente só devem estar adultos.
Eu acho perigoso dar muitas informações sobre nós. Mas acho muito mais perigoso se houver crianças na história. Lamento, mas mete-me confusão que haja gente com blogs abertos para falar da sua gravidez e do primeiro ano do pimpolho e do segundo ano e do terceiro... e que tenham fotos de tudo e mais alguma coisa e/ou indiquem dados como a rua por onde andaram a passear porque vão comprar ou alugar ali casa (eu li isto esta semana num blog aberto para toda a gente!). Mesmo ocultando informação as coisas já acontecem, agora oferecendo-a de bandeja...

Eu disse ao tipo que achava que de certa forma ele estava a pôr em perigo as crianças. Ele respondeu-me que tinha perguntado à mãe das crianças se podia usar a foto (ele nem pai é!) e que ela disse que "se servia para encontrar uma mulher decente, estava tudo bem". What the f***?!?! Usar fotos de putos para engatar mulheres na net?!?! Fraquinho o ego, muito reles o carácter...

Eu disse-lhe que se eu quisesse, em cinco minutos conseguia informação suficiente para chegar aos miúdos e ele nem se apercebia. Sabem o que ele me chamou? Arrogante e mal orientada.
Arrogante eu sei que sou. Mas... será que por achar que uma foto de crianças não deve estar num site de adultos eu sou mal orientada?!?! Ele está a usar fotos de putos (repito, que não são dele) para atrair mulheres, e com a bênção da mãe das crianças, e eu é que sou mal orientada?!?!

Só o facto de, por exemplo, não lhes bater não prova que eu as estou a  proteger... há milhentas formas de proteger ou desproteger uma criança. Uma delas é colocar informações e/ou fotos em sites para adultos. Posso ter muitos defeitos, mas não me chamem mal orientada no que diz respeito a proteger crianças.

Depois lêem-se as notícias que se lêem... oh brave new world!

domingo, 20 de outubro de 2013

Decidam-se de uma vez!

Hoje, sem qualquer motivo claro, veio-me um pensamento à cabeça
As mulheres dizem não quando querem dizer sim.
Os homens dizem que as mulheres nunca são directas, mas quando alguém diz as coisas de forma clara e explícita fogem a sete pés.
Não entendo, simplesmente não consigo entender... E mesmo que queira citar o Einstein, eu nem posso dizer que gosto mais do meu cão do que de pessoas, porque eu não tenho um...

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Quando se faz de tudo para se chamar a atenção...

Há uns anos, em Viseu, os homossexuais andavam a  ser perseguidos e espancados de forma muito violenta. Deu notícia de televisão, como seria de esperar. Numa entrevista de rua um homem percebeu mal o jornalista e à pergunta "O que é que acha [dos ataques]?" ele responde mais ou menos Eu não acho nada [dos homossexuais]. Cada um faz o que quer. O cu é seu.
De vez em quando, normalmente em contextos que nem têm a ver com a homossexualidade, a minha mãe sai-se com essa resposta. Achou piada à prontidão da resposta. Ao homem não lhe fazia confusão nenhuma, porque cada um sabe da sua vida.

Há bocado dei com uma página de boicote a uma marca de massas italiana. Parece que o chefe da empresa disse que não faria uma publicidade com uma família homossexual porque a marca está centrada na família tradicional. Eu ouvi o que ele disse e pleeeease! o homem não disse nada demais. Era uma opinião, e tal e qual como os cus, cada um tem a sua e cada um dá a sua.

Mas não foi isso que a comunidade homossexual viu. Abriu fogo contra a empresa. Boicotemos então uma empresa que não é nada pequena. Vamos pôr milhares de empregados na rua só porque as palavras do homem foram distorcidas.
Eu não percebo o que é uma família tradicional. Um homem casado com uma mulher? Divórcio não que se casaram na igreja. Mas ele dá-lhe todos dias na cabeça, pula a cerca e ainda a chama de puta. Um casal de drogados que deixam os filhos a morrer à fome porque vão gastar o rendimentos social em cocaína. Isso também é uma família tradicional. E sinceramente... entre dois gays felizes na sua vida e uma mãe que abandona o filho... prefiro o não-convencionalismo.
Mas agora que vou fazer?!?! Vou boicotar a massa porque o chefe da empresa resolveu fazer uma publicidade com família composta por pai, mãe e dois  filhos (normalmente um mais velho e uma mais nova)?!?!

A terceira pessoa mais importante na minha vida (eu: primeira, mãe: segunda!) é gay. Antes de mo ter dito eu já o sabia há dois anos. Deixei-o andar até ele se sentir à vontade, porque para mim... ele é igual ao que sempre foi, tirando a barba e as entradas da careca que se começam a notar.

Das duas uma, ou os gays se comportam como gente normal ou não podem pedir que sejam considerados normais. E eu não digo ao que fazem dentro de quatro paredes. Estou como o homem... o cu é de cada um. Falo em vestirem-se como mulheres quando são homens. Falo em comportarem-se como prostitutas reles em pleno Bairro Alto ou discotecas cujo nome não quero mencionar, mas que eu frequentei com muitos amigos gays. Falo em não (tentar) forçarem uma mulher heterossexual a fazer o que não quer, numa discoteca lésbica, aproveitando-se da sua embriaguez. Falo em não usarem o já gasto rótulo da discriminação sempre que alguma coisa não vos cai no goto.
O meu melhor amigo é gay e eu amo-o na mesma, mas ele sabe que eu não suporto bichices, não suporto fanatismos, nem fantochadas. Porque são coisas bem diferentes, uma coisa é eles gostarem deles e elas gostarem delas, outra coisa é exporem tudo cá fora. E agora se eu me pusesse a contar as minhas fantasias sexuais num bar? E se forçasse um rapaz desconhecido numa discoteca? O que era eu? Uma reles puta. E se eu for aí com um pin no peito a dizer que tenho orgulho em ser heterossexual? Eu aceito que homossexualidade não é opção. Mas eu também posso ter orgulho de gostar de homens com glúteos firmes, peitorais definidos, olhos marotos e mãos fortes. Ou não? Ou a coisa varia conforme dá jeito?!?!

Assim, deixem lá o senhor da pasta em paz. É que mesmo ele vendendo penne, há coisas que continuam a não ser para misturar...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A semana dos burros (continuação)

Mas como não me bastasse a Segunda... veio a Terça... Eu só digo... atirei pedras na cruz numa vida passada!

A otária sem emenda, conheceu uma portuguesa há coisa de dois meses. E coitada a da mulher, sem trabalho, sem saber a língua... lá vai aqui a otária (eu tenho que repetir isto a ver se aprendo) fazer cartas, procurar empresas... mas a resposta é sempre a mesma... sem alemão não está em condições. Ah porque a Luísa é que podia dar-me aulas... A otária... teve pena e toca de dar umas aulas de alemão. EMbora eu não saiba alemão como um suíço, sei o suficiente para pôr uma pessoa a trabalhar numa empresa de limpezas, pelo menos. Nada de borlas, que eu tenho que pagar o tinteiro... Um preço de amigo (e que amigo!) e aulas em função das necessidades dela: ensinei-a a cumprimentar em suíço porque não é igual aqui e na Alemanha. Disse-lhe que havia mais formas, mas que aprendesse olá e adeus em suíço e que depois o resto vinha.
6 semanas.... 6 semanas e aquela alma não aprendeu a dizer aquela merdice. Ensinei-lhe o verbo sein (ser/estar) e haben (ter) e disse-lhe que ela os tinha que meter na cabeça pois eram verbos irregulares logo não tinha uma dica para ela memorizar. A minha intenção era que ela aprendesse a dizer: Eu sou a fulana. Nada...

 Disse-lhe que fizesse cópias. Dei-lhe grelhas para ela preencher. Ofereci-lhe um caderno. O pretexto foi ele ser pautado (aqui quase não há cadernos pautados, são lisos ou de quadriculas, enfim, uma treta!) e ela não saber onde comprar, mas na realidade era para ela fazer as cópias e não ficar com medo de gastar dinheiro. Arranjei cópias de livros com exercícios. Cópias de gramáticas. Pois se ela não trabalha... não tem dinheiro para essas coisas. Resultado? Sempre o mesmo: NADA.
A semana passada ameacei-a, ou ela mostrava o que sabia esta semana ou eu não lhe dava mais aulas.
Ontem de manhã veio-me uma intuição... mandei-lhe uma mensagem a dizer que levasse tuuuuudo com ela (porque ela deixava o caderno em casa) pois íamos precisar de tudo.
Fiz-lhe um teste. Dei-lhe meia hora. Se aquilo fosse feito por uma pessoa que estivesse ao nível em que ela deveria estar, era feito em 10 minutos! Resultado: menos de 30%!! Passei-me.
Quando comecei a ver o caderno e as coisas que eu lhe tinha mandado fazer... não tinha nada feito... Eu dizia-lhe: copie os verbos. Ela: Eu copio muitas vezes. Tudo uma treta. Ela copiava os verbos no infinitivo, em alemão e em português. Quando lhe perguntei porquê, eram os que eu tinha dificuldade. Então resolvi perguntar-lhe os que ela supostamente sabia identificar. Pois sim... Quando lhe perguntei pelos que ela tinha copiado... Pois sim... quando lhe perguntei porque não fez as cópias como lhe disse, mas acha mesmo que vale a pena?!?! Oh pá... deu-me vontade de lhe bater. Não... eu mandei-a fazer cópias porque gosto que se estrague papel...

Tentei ensinar-lhe os números, andou não sei quantas semanas para aprender os números de 1 a 19 e consegue dizer pelo menos 5 disparates de cada vez que conta até 19. E o pior de tudo é que no fim de corrigida ela diz as mesmas asneiras e, não satisfeita, acrescenta mais algumas.

Ela desculpa-se com tudo: a idade, os problemas, a falta de contacto com a língua. Passei-me!  A minha mãe veio para cá um pouco mais nova que ela. Mas os filhos da minha mãe estavam e Portugal, os dela moram no mesmo bairro que ela... cá. A minha mãe também não tinha contacto. Ia comprar o jornal todos os dias para ver se tirava umas pelas outras. Agora que há jornais gratuitos, ensinei a mulher a ir buscar um todos os dias e disse-lhe para o folhear e que tirasse uma palavra por dia. Ah! O meu marido traz-me o jornal todos os dias. Para acumular lixo em casa, disse-lhe eu, já que você não faz nada do que eu lhe disse.

Mas acha mesmo que vale a pena?!?!
Não, não vale. Ai assim não vale... Você não trabalha.
Ah eu sou é burra...

Saltou-me outra vez a tampa e disse-lhe, a ela que poderia ser minha mãe, não é burrice, é estupidez. Porque eu tenho explicado tudo, dou-lhe folhas que ensinam alemão a totós e você não faz o que lhe pedem. Quer aprender?!?! Assim nunca vai aprender e pode pensar em ir para Portugal porque aqui você não faz rigorosamente nada, pois com o andar da carruagem, você não consegue trabalhar em lado nenhum.

Posso parecer má... mas... ela não se esforçou nem um pouco! Ela está o dia todo em casa... podia saber aquilo que lhe ensinei de cor e salteado...

 Depois começam outras incongruências... Ela disse que sabia falar espanhol e italiano. Como ela trabalhou hotéis no Algarve pensei que tivesse aprendido alguma coisa. Sabem uma coisa?!? O meu japonês é melhor do que o espanhol dela! Ontem disse-lhe que se ela não sabia as palavras em espanhol tinha que as saber em alemão, pois a patroa dela (ela conseguiu uma patroa, vamos ver por quanto tempo, pois logo no primeiro diz fez asneiras porque não percebeu a mulher) podia não saber dizer a palavra em espanhol, logo ia usar alemão. Usei o exemplo com calças. Ah eu sei que é pantalones. E depois, que mais?! perguntei eu. Pode ser para lavar, passar, arejar, arrumar, deitar fora, compor, oferecer... sabe dizer passar a ferro em espanhol? É parecido com português, só com sotaque. Eu pensei logo nessa marca de refrigerantes conhecida a nível mundial... sabem?!?! a Cueca-Cuela. Deve ser assim que ela fala espanhol...

Disse que não lhe dava mais aulas, pois não estou para gastar o meu latim com uma pessoa que diz que quer, porque precisa, aprender alemão e que depois não copia a merda do verbo ser conjugado de modo a aprender a, no mínimo, apresentar-se...

Eu compreendo que um adolescente não queira fazer os trabalhos, estudar. Aquilo tudo é, muitas vezes, uma seca. Tudo o resto é sempre mais interessante. É mais porreiro afrontar o professor do que passar por manso e fazer os TPCs. (estou a falar/ver pelos olhos de um adolescente). Agora um adulto?!?! Quando tem que ser... tem muita força. Mas pronto... tinha que me calahr mais uma croma...

Quando é que eu aprendo!?!?

A semana dos burros...

- De onde és?
- Cuba.
- Ah. bem me parecia que eras da América Latina.
- Não, não. Sou do Caribe.

A cabra da minha chefe deve ficar mais contente com este tipo de funcionários.
Na Segunda, eu era caixa 1. A autora da pérola acima era caixa 2. A pessoa que está na 1 nunca sai de lá, a que está na 2 sai quando não há muitos clientes e vai fazendo outros trabalhos. À pessoa da caixa 2 compete o reabastecimento dos cigarros e das guloseimas junto às caixas, compete-lhe esvaziar os caixotes do lixo e, perto do fecho, começa a limpar a sala da pausa e acaba, já depois do fecho, a limpar as caixas.
Eu pedi à chefe de turno moedas e enquanto eu abria e não abria a caixa ela disse-me: depois eu digo-te quando deves começar a limpar. A mim não me incomodava, mas fiz o reparo, eu ainda não percebi: é caixa 1 ou a 2?!?! Ela responde: na realidade é a 2, mas esta não sabe.
Concordei, a mulher não sabia nada. Mas... o problema é que ela não sabe MESMO nada!!!!

Ela fez asneira e registou um produto a mais. Não sabia anular, lá fui explicar. Disse que o troco da cliente era para ela guardar e que eu dava logo a seguir o dinheiro do produto a mais. Não é que a croma da minha colega meteu o troco da mulher na caixa?!?!? Que confusão. A cliente dizia que não tinha o dinheiro, eu dizia que lho tinha dado. Lá teve ela que ir pesar o dinheiro (meia hora depois de ter começado!!!) e afinal a cliente tinha razão! Pior... eu acho que a cliente, mesmo assim, ainda perdeu dinheiro...
Então, a chefe disse-lhe para dar 18 francos à senhora. Lá começa a croma a tentar anular uma compra de não sei o quê, eu já não percebia nada, chamei a chefe. Na realidade o supra sumo da anormalidade só tinha que abrir a caixa e dar o dinheiro à mulher. Eu levantei-me, sem exagero, mais de 40 vezes a tarde toda. Para resolver merdas que uma lesma resolvia. Quando se recebe o pagamento, faz-se o registo e a máquina calcula por nós o troco. Complicado!!!! Mas quando nos enganamos e registamos mais do que recebemos só temos que fazer a conta de cabeça. Complicadíssimo!!!! Uma amiba resolvia o problema em segundos. Mas aquela abécula... não era capaz de resolver o seguinte problema:
Total a pagar: 27,5 francos
Total recebido: 30 francos
Total registado: 50 francos
Valor a dar?

Total a pagar: 27,5 francos
Total recebido: 50 francos
Total registado: 30 francos
Valor a dar?!?

Eu tive que me levantar umas quantas vezes para fazer estas contas. Cheguei a um ponto que eu quase berrava, depois ultrapassei os meus limites e disse-lhe que era uma conta de escola primária que não se admitia que não soubesse fazer aquilo. Os clientes riam-se e diziam-me para ter calma. Mas eu dizia-lhes que uma tarde inteira a fazer aquelas contas e a perder tempo na minha caixa não se admitia. Um cliente disse-me que ela não tinha que estar a aprender numa hora movimentada, que tinha que ser durante o dia, porque assim estava a atrasar as pessoas. O problema é que naquele supermercado todas as horas são movimentadas e eu nunca vi uma pessoa tão lerda... no entanto, disse-lhe que tinha razão e recomendei-lhe que fosse reclamar à chefe.
Resultado... eu quase que lhe batia com tanta raiva... e a limpeza da sala da pausa e afins ficou por fazer. Só limpei as caixas, porque de manhã seria muito complicado andar a limpar com clientes por perto...

É disto que a ditadora gosta... Eu agora até tenho pena de me ter despedido, porque eu queria vê-la a subir às paredes com aquela acéfala!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O pai do superhomem

Tenho quase a certeza que quase ninguém sabia que hoje se assinala o 169.º aniversário do Nietzsche. Eu, pelo menos, não sabia... :D
O .de e o .ch assinalam a efeméride...

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O Muro ainda está lá!

O Muro de Berlim caiu há quase 24 anos. Quando se assinalaram os 20 anos da queda, um jornalista fez uma reportagem aprofundada e dizia que ainda hoje se nota a diferença entre Este e Oeste nas mais variadas coisas, desde a maneira de vestir à maneira de estar na vida. Ainda duvidei um bocado, mas com o tempo fui vendo que era verdade.
Agora, ao ver uma reportagem sobre fotografias feitas do espaço, confirmei tudo!
Hoje, como disse, quase 24 anos depois, a cidade ainda está dividida e até do espaço se comprova. Ora veja-se a diferença das luzes LED para as outras... De ficar de boca aberta, não?!?!

 
Créditos da foto:

domingo, 13 de outubro de 2013

O topo de Zurique

Quando, há quase 3 anos, o J. me levou ao Urania (um observatório astronómico) a ideia era observar um planeta qualquer. Mas como estava muito nublado, acabámos a ver a entrada do hotel que fica no topo de Uetliberg e a torre que, de noite, parece uma árvore de Natal (penúltima foto).

Uetliberg e Üetliberg são as duas formas de se escrever o nome do cume de uma montanha que fica a 841 metros acima do nível do mar (o cume, não a montanha). Apanhámos o comboio na estação de Zurique lá fomos subindo a encosta ainda verdejante. A linha acaba praticamente no cimo. Na pequena estação há um quiosque e um pequeno café com esplanada. Caminhando um pouco, através de um percurso que nos fala das distâncias entre planetas, chegamos a uma entrada com uns candeeiros no mínimos diferentes. Lembram-me os personagens de um vídeo antigo dos Die Toten Hosen.
Caminhando mais um pouco estamos em frente ao hotel Top of Zurich e temos uma vista... uau!
Por causa das temperaturas, eu já sabia que tinha começado a nevar e pelo que li no jornal todos os passos da montanha já estão fechados. No entanto ainda não tinha visto a neve. Fiquei como uma miúda, a ver as montanhas todas cobertas de branco... :)

Eu pensei que ia chover, afinal... tivemos uma tarde agradável, com um Sol morno de aquecer a alma.












A gratificação de comer sardinhas

Eu gosto de comer. E acho que a comida pode ser uma boa metáfora de grande parte de mim e dos meus gostos.
Detesto comer sozinha. Adoro cozinhar para os outros. Gosto de experimentar coisas novas. Gosto de comidas estrangeiras, mas não vou a extremos de comer cobra ou cão. Gosto de sabores diferentes, mas não gosto de comida muito misturada tipo arroz à valenciana ou cozido à portuguesa. No entanto, poucas são as coisas que realmente não vão goela abaixo: os coentros numas ameijoas à Bolhão Pato passam meios despercebidos, mas dispenso-os bem, e o leitão... nem a tiro. Gosto de croissants de chocolate e de ovo e dos simples com muita manteiga (como se eles já não tivesse bastante) e por falar em manteiga, os scones quentinhos com a dita cuja e compota de morango... Gosto de queijo português, suíço e francês, fresco, curado, com ervas, amanteigado e duro, com marmelada no pão, ou derretido sobre as batatas da raclette. Peixe fresco, grelhado, a saber como se ainda estivesse dentro de água. Uma posta mirandesa ou arouquesa ou mesmo argentina.

Mas sabem o que realmente me deixa feliz? Puré de batata (batata mesmo, não é de pacote) com sardinhas enlatadas em molho de tomate.
Não sei quem inventou tal iguaria. Acredito que a minha mãe. Falta de tempo misturada com falta de outras coisas fizeram com que a minha mãe desenvolvesse uma capacidade de fazer pratos gourmet, por exemplo, com carne no talho. Já experimentaram? Boooom!

Esses dotes culinários impostos à minha mãe (ela lamenta tanto, eu não dou pulos de alegria, mas também nunca cheguei a ficar faminta) aliados a tantas outras coisas fizeram com que me contentasse com pouco. Na realidade, a bem da verdade e mais umas quantas expressões que destacam o que quero dizer, porque eu quero mesmo destacar isto, eu não me contento com pouco. O que acontece é que o meu muito é diferente do de muita gente.

Acontece com milhentas coisas, mas a principal é o trabalho. E ultimamente eu tenho notado isso com muita força. Toda a gente me diz um monte de coisas. Deveria tentar dar aulas na Suíça, deveria voltar a estudar, deveria dedicar-me à escrita a tempo inteiro (sim! eu... lol). Esta semana até o meu neurologista me perguntou se eu não queria estudar mais para ter um trabalho melhor... Toda a gente considera que eu deveria ter coisas mais gratificantes. A minha mãe incluída. Toda a gente se lamenta por mim, menos eu.

Chefes de merda, colegas de merda... há em todo o lado... desde a secção de limpeza até ao CEO (eu ainda não entendi esta sigla...) de uma empresa, independentemente de se tratar de uma firma de correctores, um hospital, uma sociedade de advogados, um supermercado ou uma estufa. O que eu tenho feito até agora tem sido o meu puré com sardinhas. Eu não quero saber se a minha mãe não pôde comprar carne, eu tenho as minhas sardinhas.
Isto é, em todos os sítios por onde passei houve momentos em que faltou a carne (a vaca racista na estufa, a falta de pagamento na loja). Mas eu encontrei sempre uma lata de sardinhas no fundo do armário (as cores e cheiros das flores, a Sa. e o M., na estufa, a simpatia e o respeito dos clientes da loja que, sempre que me vêem, me fazem uma festa).

O trabalho, para mim, é só uma forma de conseguir o que quero: dinheiro. Para quem não sabe, eu sou capitalista, trabalho para ganhar dinheiro. Com o dinheiro faço as coisas básicas que toda a gente faz (ou deveria poder fazer): comprar comida e roupa. E com o que sobra eu faço o que realmente quero: tento mimar os amigos, compro vernizes de cores escuras, chocolate, vermelho, roxo ou azul, (não é que seja muito vaidosa, mas este mimo de vez em quando...), compro CDs e DVDs pela net, quando vou a Portugal, fica sempre uma pequena fortuna em livros nas lojas do costume. Como não ganho muuuuuito, demoro a juntar, mas lá faço, por fim, uma das coisas que me dá mais prazer: viajar sem olhar para as despesas. E, no fim, chego a revelar 700 fotos (sim, o número é este) para colar em álbuns à moda antiga que essas maricadas dos álbuns digitais não me atraem nem um pouco!

É para isso que trabalho. Para mim, para as minhas coisas. Não trabalho para ser uma profissional de sucesso nesta ou naquela área. Trabalho para ganhar o meu ordenado, para poder comprar as minhas sardinhas em lata. Porque se fosse milionária... acham que eu trabalhava?!?! Por isso não me importo de não comer carne, ou seja, de lavar escadas, sujar as mãos com terra, limpar sanitas, empacotar flores ou desempacotar pacotes de arroz e caixas de tampões.

Claro que se eu fosse estudar outra vez haveria mais chances de chegar mais acima e mais rapidamente. É um facto. E se  eu estivesse mais acima conseguiria fazer tudo o que gosto com mais regularidade. Outro facto. Mas nem tudo corre bem e a carne continua a faltar em certas áreas e como toda a gente sabe, a falta de carne enfraquece-nos. Assim, neste momento mantenho-me low profile. Continuo a ter prazer a comer as minhas sardinhas, mas poupo energia até ao dia em que consiga saciar-me com carne.

Mas até lá... e mesmo que nunca chegue lá... continuarei a procurar no meu trabalho o meu puré com as minhas sardinhas. Eu sei que haverá dias em que me sinto frustrada, mas quem não sente em algum momento da vida?!?! Basta esperar a neura passar e eu sei que vou estar de novo em alta, contente por não ter caviar, mas sim sardinhas.

É que sabem uma coisa... Sabem o que me divertia imenso quando andava a limpar no aeroporto? O facto de a mulher da limpeza, a menos qualificada, ter acesso a todas as partes do aeroporto: um vendedor não entra nos gabinetes de controlo de passaporte, um polícia em situações normais, não entra na casa-de-banho das mulheres, da mesma forma que uma polícia não entra na dos homens. As empregadas de limpeza até à torre de controlo vão.
Isso, sim!, era muito, mas mesmo muito, gratificante!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Número 10

Hoje o M. faz anos. Pensei grande parte do dia nele. Que saudades do Bayerischmann! Mas por pensar nele e no aniversário e a escrever-lhe uma mensagem de parabéns e mais não sei o quê andei feliz, aquela Felicidade!, grande parte do dia.

Mas hoje também foi dia de ir ao neurologista. Fui lá fazer uma consulta de rotina para poder enviar uns papéis para receber um apoio para pagar as caréééérrimas injecções. Correu mais ou menos bem. O médico está contente por não haver crises novas e os sintomas estarem praticamente a zeros. [bem] Mas com as minhas perguntas fiquei a saber que é complicado demais viajar para a Argentina com as injecções atrás (ele ainda não recomenda que eu mude para os comprimidos). [mal]

Ele mandou-me ler umas folhas antes de assinar para ver se eu concordava. Claro que sim... pela minha formação em neurologia avançada... claro que percebi que estava tudo nos conformes... :p

A falar a sério, estava tudo em ordem, só havia uma sigla que eu não sabia o que era. Eu perguntei logo o que era aquilo. Disse ao homem que confiava nele, mas que queria saber as coisas. Ele explicou logo: é uma sigla que tem a ver com o estágio em que a doença está. Ele disse também que compreendia as minhas perguntas e foi logo imprimir uma folha com a lista. Começa em 0,0, passa a 1,0 e depois do 1,5 é contado de meio em meio ponto até 10.

 O 0,0 que é o que todos os afortunados têm, ou seja, nada de mau foi encontrado no cérebro ou na coluna. O 1,0, que é o que eu tenho e que não é assim tãããããão mau. Este 1,0 atesta que não tenho nenhuma incapacidade e que só tenho uma geringfügige Störung in einem funktionellen System, que é como quem diz perturbação insignificante num dos sistemas funcionais. E no consultório fiquei-me por aqui, até porque não sabia o que significava  geringfügige (haja alguma coisa boa na MS... aprende-se alemão!).

Agora estava preparar a mala para amanhã e arrumar as papeladas que acumulei hoje quando calho a olhar para o número 10 da lista: Tod durch MS. Supostamente, por vários motivos, eu estou loooooooooooonge da morte por esclerose múltipla. Mas eu digo-vos... Num dia em que andei a celebrar a vida de alguém, bater com os olhos numa realidade que pode (ainda que para lá de remotamente) ser a minha... Daqui a um mês e um dia eu faço 31 anos, não precisava de ler e deprimir em segundos (nunca deprimi tão rapidamente) no dia de hoje...

domingo, 6 de outubro de 2013

Já não tenho um amor destes há um tempo...

Elogio ao Amor, por Miguel Esteves Cardoso

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.

Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.

Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido... Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.

A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.

Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. 

Dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira.

E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso

E o rabinho lavado em água de rosas?!?

Estava sem vontade de cozinhar e como ia tomar café com uma colega aproveitei para almoçar na rua. Como estava sozinha a comer deu para ouvir as conversas todas à minha volta. E a cusca de serviço deu muita atenção dois indivíduos que falavam em francês. Claro... a língua que mais domino!!! :D :D

Um ajudava o outro a procurar trabalho, fazia-lhe perguntas sobre o seu passado laboral, sobre o currículo. Dava-lhe dicas. O outro, que me pareceu espanhol, dizia que tinha trabalhado como jornalista. Que não queria trabalho no exterior por causa da chuva e do frio. Queria ir para a indústria.
Ora bem... um tipo que está no cantão Zurique a falar francês demonstra logo um problema grave: falta de conhecimentos básicos da língua oficial da região. Com a insistência em não querer trabalho nas obras demonstra mais uns três ou quatro problemas, que, a não ter atenção, vão ser um grande entrave.
Primeiro, se não sabe falar e insiste na indústria, mostra que não percebe nada da Suíça. Aqui, a não ser que se tenha um santo muito forte, quem não sabe falar a língua começa em dois sítios: limpeza ou obras.
Segundo, se não é humilde para aceitar qualquer oportunidade, está tramado! A humildade é apreciada pelos suíços.
Terceiro, eu até percebo que o trabalho nas obras implique ser mandado para casa no Inverno, mas... qual é o melhor? Ser mandado para casa no Inverno, mas ter trabalho no Verão, ou não ter trabalho nenhum?!?!?

Eu não entendo... estão mal no país deles, são capazes de comer pão bolorento, mas agora deram em chegar cá e quererem tudo como se fosse na santa terrinha?!?!? Ficam-lhe bem esses sentimentos... o pior é que a coisa pode correr mal e depois... ah! os suíços são muito rígidos... eu pergunto-me porque será...

Só eu aceito qualquer tralha (desde que não afecte a minha saúde!)...

Porque nós não somos ilhas

O Mundo está estranho. Ou será? Neste momento dava jeito termos só um verbo como os alemães...

Eu meti-me na brincadeira do Postcrossing. Estou a adorar. Sem sair de casa viajo através de postais e selos. Qualquer postal é bem vindo. Só tenho pena que em dois ou três casos não tenha havido grande consideração pela pessoa que recebe (no caso era eu, mas imagino que façam igual para outros). Um vinha escrito em japonês. Eu até compreendo, eu é que sou uma burra, tendo em conta que a língua da terra do sol nascente é das mais faladas no Mundo... :s Noutro caso era um postal a fazer publicidade à série Castle em Singapura ou algo do género. Teria piada se a pessoa, por trás, escrevesse algo do género "é a minha série favorita". Mesmo que fosse mentira era mais simpático do que não ter  nada escrito a não ser o código de registo... :/

Eu, quando tenho que escrever, tento aproximar-me dos gostos de quem vai receber o meu postal. Tento adaptar o que vou comprando ou tenho em casa ao que a pessoa escreveu no seu perfil. Não é que praticamente toda a gente me agradece por eu ler o perfil e adaptar o postal ao gosto de cada um?!?!

Se não for para fazer isso, de que serve escrevermos um perfil?!?! Se uma pessoa não gosta de postais de animais, porque não hei-de fazer o jeito?!?! A ter que se comprar um postal... tanto faz... logo... compramos em função dos gostos...

Eu acho um piadão comprar os postais (nem que seja numa loja de segunda mão, se estiverem em bom estado dá no mesmo!!) em função do gosto de cada um, escrever algo com significado para mim e que possa vir a ter significado para a pessoa que recebe...

A última a agradecer-me um postal recebeu uma ponte. Ela dizia que gostava de pontes. Eu expliquei-lhe que também gostava de pontes porque são uma metáfora linda para uma relação.

Quer-me parecer que as pessoas, nos dias que correm, querem tudo à sua maneira, mas não param um pouco a pensar nos outros. São capazes de ficar ofendidos se enviarmos um postal com muitas imagens em vez de ser uma panorâmica, mas depois são capazes de enviar postais que provocam medo (eu já vi uns postais realmente arrepiantes!!).

Se numa coisa tão banal são assim... pergunto-me como será a consideração destas pessoas para com os que os rodeiam?!?!...

Pontes entre nós, Pedro Abrunhosa

sábado, 5 de outubro de 2013

Frias e doces


Sabem quando é que se sabe que é Outono?!? Toda a gente sabe... quando as folhas caem, quando começa a chover com mais regularidade.

Mas também é quando se passa em frente a certas chocolatarias e se vêem castanhas de chocolate.
Eu, que sou do distrito de Viseu, fico balançada... castanhas de ovos ou de chocolate?!? Não sei.

Vêm em pacotinhos todos janotas. São um ouriço de massapão doce, sem o travo da amêndoa amarga (quem é que se lembra de um sabor tão amargo para doces?!?), com uma castanha completamente esférica de um chocolate de leite muito fino que, quando se rebenta na boca, nos dá a possibilidade de experimentar um creme fino, suave, fresco e doce que nos faz ir ao céu e voltar.

Pronto... isso e os ouriços verdadeiros vendidos nas floristas a 5 francos cada um!!!!!!
 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Não sei quem foi o mais alucinado...

Pela programação linda que a ditadora fez, eu trabalhei até às 10h  e o resto dos meus colegas ficaram a arder em trabalho. Gostava de saber quem é que governa o supermercado com quatro pessoas numa Sexta-feira?!?!?
Assim uma colega começou a pausa às 9h e estava a lamentar-se ser tão cedo. Já que eu não fazia pausa, ela poderia fazê-la meia hora mais tarde (com toda a lógica e razão, porque depois das  9h30 ela teve que trabalhar até à 2 ou 3 da tarde sem pausa!!!). Enquanto ela falava para mim, um cliente colocou as coisas na caixa dela e ela pediu que ele se mudasse para a minha caixa que ela tinha que fazer pausa. Ele mudou e ela continuou a falar para mim. Uma outra cliente ouviu a nossa conversa e perguntou-lhe como era o sistema de pausas. Ela lá explicou (e lamentou) e depois foi comer.
O outro cliente a quem ela tinha pedido para mudar de caixa fui eu que atendi. Passei os artigos e quando me virei para lhe dizer o valor ele olha-me com uma cara de esgazeado. Pergunta-me pelo chefe. Eu ia para o chamar, vira-se o cromo de repente: "a mulher?!?" Eu pensei que ele queria falar com a chefe e disse-lhe que ela não estava.
De repente, começa numa ladainha. Que a outra empregada foi mal-educada, que continuou a afalar, que queria o chefe. Eu respirei fundo e ignorei-o. O problema foi que a minha colega apareceu para pagar a comida dela. O gajo fez uma cena triste... Ela foi chamar o chefe. O outro continuou aos berros. Com palavras meias comidas (das duas uma, ou o homem estava sobe efeito de drogas ou álcool ou era meio deficiente, sem brincadeiras, que são coisas sérias) sempre aos berros e lá se foi.
A minha colega pagou a comida e foi para dentro.

Se eu achava que o que se tinha passado era estranho. Mais estranho foi o que a minha colega contou. O chefe-número-dois disse que a culpa era dela. Que lhe ia descontar no ordenado por ela ser uma suíça má. hã?!?!??!? O gajo não respeitou o sinal (estava lá uma parangona a dizer "caixa fechada"), ela pede-lhe educadamente que vá para a minha caixa, ele começa aos berros do nada e ela é que tem culpa?!?!?!?

Ela vai de férias, não sei se isto vai dar em alguma coisa. Mas avisei-a logo que use o meu nome para se defender. Eu estava mesmo ao lado. Se ela fosse mal-educada eu não me metia. Agora isto...

Aquele I. armado em chefe está à espera que um dia desses alguém se passe e lhe dê um murro bem no meio da cara para lhe partir o nariz.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O Dia da Reunificação Alemã

Nós falamos na queda do Muro de Berlim. É verdade que foi aí que começou a mudança física (as conversações já existiam antes!), no entanto a coisa assinala-se mesmo no dia da Reunificação Alemã.
Faz hoje 23 anos que isso aconteceu. Desta forma, o Google.de foi simpático em desenhar os Trabant a passarem em frente ao Checkpoint Charlie.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Os portugueses merecem o país que têm...

Operação STOP debaixo da ponte. Radar na curva. Tripé na esquina.
Descobri por acidente uma página no livro das caras onde se publicam todos os movimentos das forças de segurança pública na zona de Viseu.

Eu não digo que não haja momentos de caça á multas. Mas... não são todos. Aqui, nesta terrinha de medricas (mas péssimos condutores, não sabem as regras básicas!) em que poucos são os que se metem em altas cavalarias... há radares em todas as esquinas. Fixos, mas também móveis. Controlo da polícia? Permanente...

Estes otários ao denunciarem as operações todas pensam que estão ajudar alguém? Mas acreditam mesmo nisso?!?!?

É que alguns só depois de levarem uma cacetada forte da polícia é que aprendem. E alguns não chegam a aprender porque antes de serem multados, presos ou ficarem sem a carta matam-se e matam os outros com manobras parvas, excessos de velocidade e álcool.

Continuem a divulgar... pode ser que qualquer dia as estradas estejam 100% seguras, ou seja, 100%  sem condutores!

Ajudar alguém não custa

Eu já aqui disse como, nos tempos de faculdade, me dava prazer dar sangue. E também disse como fiquei triste no dia em que tive que desistir de dar sangue e em que tive de me "desinscrever" do centro de histocompatibilidade.

Hoje dói ainda mais...

Eu tenho UM PEDIDO DO FUNDO CORAÇÃO, feito por mim, Luísa. Não é copy/paste!

Sabem aquela pessoa porreira, simpática. Filho educado, irmão exemplar. Um braço de trabalho? Não são mitos urbanos. Ainda há algumas pessoas assim!

Depois sabem aquelas merdas de doenças estranhas, como cancro, que atacam essas pessoas porreiras e nos fazem pensar: com tanto pedófilo neste mundo tinha que ser este rapaz a ficar doente? Sabem... aquelas situações que nos fazem duvidar que Deus existe... Sabem a que me refiro, não?...

Pois bem. Eu tenho um caso desses na família. Quimio, radio... não funcionou. Tentativa de transplantes... não havia dador. Auto-transplante (sei lá como funciona): estava a ir bem... Quando a médica estava a pensar dar-lhe alta para trabalhar... A merda do cancro voltou. Alternativa? transplante. Dador? Não há.

Eu não posso dar. Mesmo que fosse compatível (que não sou) nunca mais poderei pensar em dar medula.

Assim, o meu pedido é MUITO simples: vão registar-se ao centro de histocompatibilidade. Não é preciso repassarem este texto. Se todos os que estão dentro dos parâmetros (idade, saúde, etc e tal) se registarem e levarem um amigo... estão já abrir mais hipóteses para este meu primo em segundo ou terceiro grau, mas que eu respeito como se fosse meu irmão gémeo.

 Com muita comoção, porque ele é mesmo bom rapaz, eu agradeço a quem prestar atenção a este pedido!

Inveja boa e um acto de contrição

Há quem diga que não há. Mas eu acredito piamente que sim.

Durante muito tempo eu quis ter tudo fazer tudo. Sonhava, ansiava. Invejava de forma doentia. Culpava o mundo por não ter, por não fazer.
Em 2004 foi-me ensinado por um nadador salvador da piscina do Areeiro como ter calma. Mas calma - calma. Esse ensinamento foi-me reforçado pelo M., mais tarde, na estufa. Não é que eu não soubesse que não se pode ter tudo, que não se pode fazer tudo, que tem que se ter calma. Eu sabia isso, mas não sabia. E tenho muito que agradecer a estes dois por um ensinamento que eu sei que eles não sabem que me transmitiram. :)

Isso fez-me crescer e ganhar paciência que eu pensei não existir, pelo menos para mim. E fez-me ganhar a tal da inveja boa.
Quando alguém me diz que viajou para aqui ou para ali eu tenho uma inveeeeeeeja. Mas não lhes desejo mal por terem feito o que eu não fiz. Fico contente por essas pessoas e desejo ardentemente que me contem como foi, de preferência com fotos e/ou postais a ilustrar. Queo experimentar um bocadinho do que eles experimentaram, ainda que indirectamente.

Com a inveja boa veio a partilha de experiências sem qualquer vontade de me gabar (no entanto, eu gosto de me gabar quando me provocam, aí puxo pelo curso ou pelo ordenado ou pelas viagens ou por minhoquices que não interessam a ninguém, mas que eu sei que fazem mossa na pessoa à minha frente). De há já uns bons tempos para cá que gosto de partilhar as minhas viagens, as minhas "aventuras". Porque sei que, tal como duvido que eu vá dar uma volta ao Oriente durante uns meses como uma colega minha fez, acredito talvez algumas pessoas nunca venham a lavar os pés no Reno.

As coisas boas, músicas, livros, experiências, fotos,, são para ser partilhadas. Ensinamos alguma coisa, aprendemos alguma  coisa. E fazemos uma coisa simplesmente formidável: viajamos sem sair do sítio!

Assim, é com o maior dos prazeres que tenho partilhado as minhas experiências por aqui e é com o maior dos prazeres que continuarei a fazer essa partilha, assim ela se justifique!  Desse modo, Teresa, não precisa de agradecer uma coisa que faço por gosto. :)